![]() |
Manifestantes palestinos são alvo de bombas de gás lançadas pelas tropas de Israel perto de Ramallah (Foto: Mohamad Torokman/Reuters) |
"Devemos convocar e devemos trabalhar no lançamento de uma intifada diante do inimigo sionista", disse o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em discurso em Gaza.
Após o apelo do Hamas, confrontos de manifestantes contra tropas israelenses são registrados em Ramalah (onde fica a sede da Autoridade Palestina) e Belém. Também há protestos em Jerusalém.

Forças de segurança israelenses disparam gás lacrimogêneo contra manifestantes palestinos
O jornal israelense "Haaretz" recebeu do Crescente Vermelho a informação de que cinco palestinos ficaram feridos num ponto de controle em Al-Birah, perto de Ramallah.
Outros dois palestinos se feriram nas localidades de Qalqilyah e Tul Karm. Em Gaza, um palestino ficou seriamente ferido, de acordo com o Ministério da Saúde palestino. A CNN afirma que 43 pessoas se feriram nos tumultos.
![]() |
O chefe do Hamas, Ismail Haniyeh, discursa em Gaza (Foto: Mohammed Salem/Reuters) |
Apesar dos diversos apelos da comunidade internacional para que o presidente dos EUA não tomasse a decisão, Trump anunciou na quarta-feira (6) o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense e pediu ao Departamento de Estado que inicie o processo de transferir para lá a embaixada americana, atualmente instalada em Tel Aviv.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quarta-feira que o reconhecimento marca "um dia histórico" e "um importante passo para a paz". Netanyahu, uma das poucas autoridades políticas a saudar a decisão americana, afirmou que outros países já demonstraram o interesse de seguir a iniciativa americana.
Temendo revoltas após o anúncio de Trump, porém, o governo de Israel já implementou reforços militares na Cisjordânia.
![]() |
Palestinos queimam imagens de Donald Trump em Gaza, após anúncio de transferência de embaixada (Foto: Mohammed Salem/Reuters) |
Em seu discurso, feito na Casa Branca, Trump afirmou que a decisão marca “o começo de uma nova abordagem no conflito entre Israel e palestinos".
"Hoje, finalmente, reconhecemos o óbvio: que Jerusalém é a capital de Israel", disse Donald Trump.
"Isso é nada mais nada menos do que o reconhecimento da realidade. Também é a coisa certa a fazer. É algo que tem que ser feito. Com o anúncio, reafirmo o comprometimento da minha administração com um futuro de paz", continuou o presidente dos EUA.
![]() |
O Hamas é a sigla em árabe para Movimento de Resistência Islâmica. O grupo, que é o maior entre os islâmicos militantes palestinos, defende a criação de um único Estado palestino que ocuparia a área onde atualmente estão Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
A agremiação surgiu após o início da primeira intifada contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, em 1987. Na ocasião, crianças que jogavam pedras nos tanques foram mortas por Israel, provocando a indignação da comunidade internacional.
A segunda intifada começou em 29 de setembro de 2000 e durou quatro anos. Os conflitos deixaram milhares de mortos dos dois lados.
Em 2006, o Hamas venceu as eleições parlamentares palestinas, o que provocou um racha com o grupo Fatah (fundado pelo líder palestino Yasser Arafat) dentro da Autoridade Nacional Palestina.
A divisão fez com que o Hamas passasse a controlar a Faixa de Gaza, a partir de 2007, e o Fatah ficasse com o comando da Cisjordânia (atualmente liderada por Mahmoud Abbas).
Israel considera o Hamas um grupo terrorista. Eles não dialogam.
Repercussão
Oito países pediram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. A presidência japonesa do Conselho informou à agência France Presse que a reunião será realizada na manhã de sexta-feira (7).
António Guterres, secretário geral da ONU, afirmou que “não há alternativa à solução com dois Estados, não há plano B”, pela qual o órgão irá continuar trabalhando, segundo a Reuters.
O presidente dos EUA recebeu ampla condenação de líderes políticos muçulmanos. Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, afirmou que Trump viola "todas as resoluções e acordos internacionais" com a decisão.
O Kremlin, por sua vez, disse que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel está levando a um "racha" na comunidade internacional.
![]() |
Palestino picha imagem do presidente americano, Donald Trump, pintada no muro que cerca a cidade de Belém, na Cisjordânia (Foto: Mussa Qawasma/ Reuters) |
Um comunicado do Palácio Real da Arábia Saudita, outro aliado dos EUA, chamou a decisão de "irresponsável".
Na Europa, os líderes da França, Reino Unido e Alemanha, entre outros, condenaram a mudança da embaixada. Emmanuel Macron chamou o anúncio de "lamentável", enquanto Theresa May disse que o episódio é "pouco útil" para uma solução pacífica. Angela Merkel sublinhou que Berlim "não apoia essa atitude".
![]() |
Manifestantes muçulmanos queima bandeira de Israel em Peshawar, no Paquistão, após Donald Trump anunciar transferência de embaixada dos EUA para Jerusalém (Foto: Fayaz Aziz/Reuters) |
![]() |
Tropas isralenses usam gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes palestinos em Belém, na Cisjordânia, nesta quinta-feira (7) (Foto: Mussa Qawasma/ Reuters) |